observava-o há já algum tempo. mexia-se desajeitadamente, tentando dançar. era um espectáculo algo cómico, confesso. não sei quantos copos já bebera, ou que outras substâncias ingerira, mas estava feliz. notava-se. a sua aura era contagiante. a felicidade não me era familiar, visto que nunca estivera rodeada por pessoas felizes. a minha mãe costumava dizer que ser feliz era para os tolos, as pessoas a sério tinham era de trabalhar. «a felicidade não te vai pagar as contas», repetia ela. creio que sempre acreditara nisso, talvez por falta de exemplos que o desmentissem, até aquele momento. o rapaz que dançava despreocupadamente, irradiando alegria, não era tolo.
suspirei demoradamente. gente daquela não era para o meu bico, dizia também a minha mãe.
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