parecia aliviado enquanto saboreava sua cuba libre - a terceira da noite - acompanhada de alguns amendoins salgados. a sua cabeça abanava subtilmente ao som da música, the white stripes tanto quanto me consigo lembrar. os seus dentes perfeitamente alinhados mostraram-se quando um sorriso rasgado lhe aflorou os lábios, enquanto envolto nos seus pensamentos.
também eu bebia: talvez na esperança que o entorpecimento me permitisse abordá-lo, talvez apenas porque me apetecia. não fazia muitas coisas apenas porque me apetecia, mas, naquele momento, não importava. eu não importava, o casal que discutia na mesa ao lado não importava, o senhor que oferecia bebidas às raparigas que passavam não importava, só ele importava. levantei-me, já algo fora de mim, e fui até à sua mesa. não percebi o que é que ele fitava, no entanto não pareceu reparar em mim. sentei-me à sua frente e suspirei, só aí pareceu despertar do seu transe. encarou-me e voltou a sorrir. imitei-o, talvez a tal felicidade fosse aquilo. não sabia e não me interessava, ainda hoje não interessa. estávamos ambos bêbados e sorríamos sem motivo aparente. para mim, era suficiente.
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